terça-feira, 14 de junho de 2011

Caminho naquele passeio tão meu conhecido. A minha atenção prende-se no chão… Todas aquelas pedras irregulares, brancas e azuis, formam padrões que se mantêm até à estrada. Estão desgastadas pelo tempo e por todas as pessoas que, tal como eu, caminham sobre elas diariamente.
É então que os meus pensamentos decidem voar para longe, sem sequer me pedir licença primeiro. Pousam nele.
Subitamente uma onda de solidão e dor embate sobre mim… A minha visão torna-se desfocada devido às lágrimas que se acumulam nos meus olhos castanhos.
As lágrimas soltam-se finalmente dos meus olhos… Vejo-as em queda livre e vertiginosa, até embaterem fortemente nas pedras. Irregulares… Brancas e azuis…
Até que embato contra alguém.
Os livros que trazia comigo caíram assim como a mala e os óculos de sol da pessoa com quem choquei. Baixei-me para apanhar as minhas coisas e apercebi-me de que aquela pessoa fazia o mesmo. Ao pegar no último livro, que estava perto dos óculos, as nossas mãos tocaram-se…
Senti um arrepio por todo o corpo. Um arrepio que fez com que eu acordasse daquele transe… Um arrepio que me fez encontrar forças que desconhecia ter… Um arrepio que me devolveu a vontade de viver, de ter esperança, de ser quem era… Extasiada com tudo o que estava a sentir olhei, a medo, para aquela pessoa…
Os olhares cruzaram-se… Apesar do frio que se fazia notar naquela manhã, aquele olhar aqueceu-me… Aquele olhar fez-me sentir protegida… E até amada.
Quebrei o contacto visual. Estava assustada… Nunca tinha sentido nada assim.
Para meu alivio ele colocou os óculos, escondendo os seus olhos por detrás daquele vidro escuro.
Então permiti-me a tentar descobrir quem era aquele ser. Levantei de novo o olhar e vi o que, pela roupa, seria um rapaz… Usava uma camisola de manga comprida com capucho, que usava sobre os cabelos castanhos, e umas calças. Olhei depois para a sua cara… Esta parecia ter sido esculpida, com todo o cuidado, por alguém que nutria uma óptima noção do que se podia chamar perfeição.
Relembrei os seus profundos olhos, cor de chocolate, e tão doces quanto este.
Na minha mente juntei tudo o que tinha visto e, para meu espanto, obti uma face já minha conhecida… A face que eu mais queria ver. Um sorriso surgiu na minha face e outro, igualmente feliz, surgiu na dele.
Coloquei as mãos na cintura dele aproximei-me e disse baixinho eu amo-te João os nossos corpos estavam cada vez mais próximos, molhadas pela chuva que naquela altura caia foi então que os nossos rostos se aproximaram os nossos olhos fecharam e em simultâneo e os nossos lábios uniram-se num momento apaixonado.